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quinta-feira, 26 de julho de 2012

FUTEBOL OLÍMPICO MASCULINO : UM SONHO DE 60 ANOS



A medalha de prata em Los Angeles ’84 – história do post anterior – surpreendeu os próprios brasileiros e forçou os dirigentes a abrirem os olhos: se com um time formado de última hora, com jogadores com pouca ou nenhuma experiência de seleção, e sem a colaboração da maioria dos grandes clubes foi possível chegar à final, por que não dedicar um mínimo de planejamento ao time olímpico para chegar a Seul não como azarão, mas com chances reais de ouro? Foi assim que formamos talvez a nossa melhor seleção olímpica de todos os tempos.



Seul 1984: A prata do timaço
A Seleção Brasileira de Neymar, Oscar, Lucas e outras estrelas começará nesta quinta-feira, contra o Egito, em Cardiff (País de Gales), mais uma vez a caminhada por uma conquista inédita do futebol brasileiro: a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, título que falta na interminável lista de triunfos canarinhos. O Memória da Bola contará neste e no próximo post as histórias bem distintas das duas vezes em que o Brasil chegou bem perto do lugar mais alto do pódio, ao disputar – e perder – as finais em Los Angeles ’84 e Seul ’88.

A Seleção Olímpica em Los Angeles - em pé: Pinga, Gilmar Rinaldi, Mauro Galvão, Ademir, Ronaldo e André Luis; agachados: Tonho, Dunga, Kita, Gilmar 'Popoca' e Silvinho.

Disputado anteriormente apenas por amadores (ou falsos amadores, no caso dos países socialistas), o torneio de futebol teve suas regras de participação alteradas nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Em vez de não admitir profissionais, o COI e a Fifa decidiram permitir a convocação deles, sem limite de idade, desde que não tivessem disputado partidas de Copa do Mundo. O problema é que a CBF até a última hora não sabia quem poderia levar. No “impasse”, mandou um time misturando jovens e veteranos ao Pré-Olímpico de Guayaquil (Equador), em janeiro e fevereiro. E este time se classificou sem sustos.
Quando julho chegou, tudo havia mudado. Até mesmo o técnico foi trocado do torneio classificatório para os Jogos: saiu o ex-auxiliar do Flamengo Cléber Camerino e entrou Jair Picerni, que havia levado o Santo André à terceira fase do recém-encerrado Campeonato Brasileiro daquele ano (ou entre os 16 melhores do país). Quando enfim a CBF foi informada que valeriam mesmo as novas regras, convidou o campeão Fluminense (sem nenhum jogador com participação prévia em Copas), para representar a Seleção em Los Angeles. O Tricolor declinou o convite, preferindo excursionar pela Europa. A honraria foi então oferecida ao Internacional (campeão do Torneio Heleno Nunes), que aceitou.

Sele-Inter: os colorados posam com suas medalhas trazidas de Los Angeles - em pé: Luis Carlos Winck, Gilmar, Pinga, Ademir, Mauro Galvão e André Luis; agachados: Paulo Santos, Dunga, Kita, Milton Cruz e Silvinho.

O time gaúcho vivia um período de busca de afirmação. Era então tricampeão estadual, mas vinha de sucessivas participações pífias nos Nacionais. Pior: assistira ao rival Grêmio levantar a Libertadores e o Mundial no ano anterior, e chegar novamente na final da competição sul-americana em 1984. O Torneio Heleno Nunes não foi dos títulos mais prestigiosos, é verdade: fora disputado pelos clubes grandes e médios que caíram antes da terceira fase do Brasileiro – o que, naquele 1984, incluiu, além do Colorado, São Paulo, Palmeiras, Botafogo, Atlético-MG, Cruzeiro, Bahia e Santa Cruz (e Guarani e Sport, eliminados na Segundona). Todos em má (ou péssima) fase técnica. Mas era um caneco, e conquistado com sobras pelo Inter.
Com praticamente todo o elenco bastante jovem, e quase todo feito em casa, o Inter de pronto aceitou o convite da CBF e não teve problemas em deixar o Gauchão de lado para ceder 11 jogadores (um time inteiro!) à Seleção. Escalado, o time só de colorados ficava assim: Gilmar Rinaldi; Luis Carlos Winck, Pinga, Mauro Galvão e André Luis; Ademir, Dunga e Milton Cruz; Paulo Santos, Kita e Silvinho. Apenas cinco outros clubes cederam atletas: do Corinthians, veio o lateral-direito Ronaldo. Do Flamengo, veio o meia Gilmar Popoca. Do Santos, veio o zagueiro Davi. A Ponte Preta mandou dois: o goleiro reserva Luis Henrique e o centroavante Chicão. E havia o curioso caso do meia Tonho, que defendia o Aimoré (RS), emprestado pelo Grêmio – mas que havia sido revelado pelo Inter. Dos 17 convocados, apenas dois (Dunga e Davi) haviam jogado o Pré-Olímpico.

Milton Cruz comemora contra a Arábia Saudita, na estreia

No escuro, sem conhecer os adversários, num tempo onde a difusão mundial da internet era algo bem distante, o Brasil até que passou tranquilo pela primeira fase: na estreia, venceu a Arábia Saudita – com a ajuda do “informante” Zagallo – por 3 a 1 (gols de Gilmar Popoca, Silvinho e Dunga). Depois, bateu uma forte Alemanha Ocidental (que contava com os futuros campeões mundiais em 1990 Guido Buchwald, Andreas Brehme e Frank Mill) graças a uma cobrança de falta perfeita, no ângulo, do camisa 10 Gilmar Popoca - de longe, o jogador mais técnico do time. Por último, vitória por 2 a 0 (gols de Dunga e Kita) contra o Marrocos do treinador brasileiro José Faria, que comandaria a mesma equipe dois anos depois na Copa do México.
Nas quartas, o Brasil enfrentaria outra seleção que estaria no México em 86: o Canadá. Se na Copa, os canadenses decepcionariam e terminariam em último, sem marcar um gol sequer, em Los Angeles a história foi outra. Foi um sufoco. O adversário saiu na frente com Mitchell, e os comandados de Jair Picerni empataram 15 minutos depois com Gilmar Popoca. Sem mais gols na prorrogação, a decisão foi para os pênaltis. E o outro Gilmar, o Rinaldi, virou herói ao defender os chutes do próprio Mitchell e de Bridge. O lateral colorado André Luis converteu a quarta cobrança e colocou o Brasil nas semifinais.
O próximo adversário era a Itália. O jogo era encarado como vingança, já que era inevitável lembrar a fatídica derrota no estádio Sarriá, no Mundial da Espanha, dois anos antes. Na Azzurra, treinada pelo campeão do mundo Enzo Bearzot, figuravam os novos astros do “calcio”, como os zagueiros Franco Baresi e Pietro Vierchowod, o meia Daniele Massaro, o ponta Pietro Fanna e o atacante Aldo Serena, entre outros.
No estádio de Stanford – o mesmo onde o Brasil disputaria parte da Copa dos Estados Unidos, dali a dez anos – Gilmar Popoca abriu o placar no começo da segunda etapa. Mas Fanna empatou para a Itália pouco depois, e a decisão seria na prorrogação. E a Seleção até que nem demorou a ficar à frente de novo: o lateral Ronaldo fez o gol da vitória em chute cruzado logo aos cinco minutos do tempo extra. Difícil mesmo foi segurar o resultado até o fim. Mas passamos.

Nem mesmo a garra de Dunga adiantou contra os franceses. Ficamos com a prata.

Se a semifinal valeu como revanche, a decisão do ouro serviu de prenúncio. Do outro lado estava a seleção francesa, que eliminara a Iugoslávia também na prorrogação. Os ‘Bleus’ não tinham estrelas. Do grupo que esteve em Los Angeles, apenas quatro jogadores iriam ao México (o goleiro Rust, os zagueiros Ayache e Bibard e o atacante Xuereb – todos reservas no Mundial). Mas o técnico era o mesmo Henri Michel, que comandaria Platini e cia na eliminação brasileira nas quartas de final da Copa de 86.
O futebol francês vivia um grande momento em 1984, coroado com o título da Eurocopa em junho e gravado em ouro na Califórnia naquele 11 de agosto. Com gols de Brisson e Xuereb, marcados aos cinco e aos dez da etapa final, a seleção azul pôs um fim ao sonho do esforçado time de Jair Picerni. Ficou a lição. Será que a aprenderíamos quatro anos depois em Seul? Isso é assunto para o próximo capítulo…

Kita, Ademir e Silvinho abraçam Gilmar Popoca:
artilheiro, camisa 10 e craque daquela Seleção.

A CAMPANHA:

primeira fase:
Brasil 3 x 1 Arábia Saudita
Brasil 1 x 0 Alemanha Ocidental
Brasil 2 x 0 Marrocos
quartas de final:
Brasil 1 x 1 Canadá (4 x 2 nos pênaltis)
semifinal:
Brasil 2 x 1 Itália (tempo normal: 1 x 1)
final:

Time base:

Gilmar Rinaldi (goleiro – Internacional – 25 anos – 6 jogos)
Ronaldo (lateral-direito – Corinthians – 22 anos – 6 jogos, 1 gol)
Pinga (zagueiro – Internacional – 19 anos – 5 jogos)
Mauro Galvão (zagueiro – Internacional – 22 anos – 6 jogos)
André Luis (lateral-esquerdo – Internacional – 24 anos – 5 jogos)
Ademir (volante – Internacional – 24 anos – 6 jogos)
Dunga (volante - Internacional – 20 anos – 6 jogos, 2 gols)
Gilmar ‘Popoca’ (meia – Flamengo – 20 anos – 6 jogos, 4 gols)
Tonho (meia – Aimoré (RS) – 26 anos – 6 jogos)
Chicão (centroavante – Ponte Preta – 21 anos – 4+2 jogos)
Silvinho (ponta-esquerda – Internacional – 25 anos – 6 jogos, 1 gol)
Completaram o elenco:

Luis Henrique (goleiro – Ponte Preta – 24 anos – não jogou)
Luis Carlos Winck (lateral-direito – Internacional – 21 anos – 1 jogo)
Davi (zagueiro – Santos – 20 anos – 1+1 jogos)
Milton Cruz (meia-atacante – Internacional – 26 anos – 0+3 jogos)
Paulo Santos (ponta-direita – Internacional – 24 anos – 0+1 jogo)
Kita (centroavante – Internacional – 26 anos – 2+2 jogos, 1 gol)
Técnico: Jair Picerni.

Seul 1988: A prata do timaço 2




A Seleção Brasileira da decisão do ouro em Seul - em pé: André Cruz, Taffarel, Andrade, Aloísio, Luis Carlos Winck e Jorginho; agachados: Bebeto, Milton, Careca, Neto e Romário.



 Depois da eliminação na Copa de 86, no México, e da saída definitiva de Telê Santana, a CBF anunciou Carlos Alberto Silva para o comando da Seleção. Mineiro como Telê, o novo treinador havia feito boa campanha com o Cruzeiro no Brasileiro daquele ano, resgatando o time celeste da má fase permanente em que esteve na primeira metade da década. E agora tinha a missão de renovar a Seleção, depois da aposentadoria da geração de Falcão, Sócrates, Júnior e Zico. Assim, a formação da seleção olímpica veio naturalmente, ‘casando’ com os critérios do COI e da Fifa de então.
O começo foi complicado: no Pré-Olímpico de Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), em abril e maio de 1987, o Brasil só avançou à fase final em segundo lugar no grupo, eliminando Uruguai e Paraguai no saldo de gols após um tríplice empate. No quadrangular decisivo, que apontaria as duas seleções que iriam a Seul, o time de Carlos Alberto Silva estreou perdendo para a Argentina. Depois, contra a Colômbia, saiu perdendo, mas virou e venceu por 2 a 1. Na última rodada, bateu a Bolívia pelo mesmo placar e se classificou – em primeiro lugar, graças aos tropeços dos ‘hermanos’.
Em meados de 1988, o treinador já tinha o time quase definido, após várias experiências. Trazia revelações da Copa União do ano anterior – como o goleiro Taffarel e o zagueiro Aloísio (Inter), o meia Milton (Coritiba) e o meia-atacante Careca (Cruzeiro) -; jogadores um pouco mais rodados e em alta naquele momento (alguns já com experiência de Seleção) – como o zagueiro Ricardo Gomes (Fluminense), o lateral Jorginho e o meia-atacante Bebeto (ambos Flamengo), o meia Neto (Guarani) e os pontas Valdo (Grêmio) e João Paulo (Guarani) -; e alguns já quase veteranos, como o volante Andrade (Flamengo), o meia Geovani (Vasco), o atacante Edmar (Corinthians) e dois remanescentes de Los Angeles: o lateral-direito Luis Carlos Winck (Inter), e o volante Ademir (agora no Cruzeiro). E havia Romário, aos 22 anos, infernizando adversários, fosse com a camisa do Vasco ou com a amarelinha. Um timaço.
Como preparação, o time disputou o Torneio Bicentenário da Independência da Austrália, contra a seleção da casa, a eterna rival Argentina e a Arábia Saudita, e sagrou-se campeão ao derrotar os australianos na decisão por 2 a 0. Depois, passou pela Europa, onde empatou com a Noruega em Oslo (1 a 1), com a Suécia em Estocolmo (1 a 1) e bateu a Áustria em Viena (2 a 0, com um gol antológico de Andrade). E em setembro, a caminho de Seul, ainda deu tempo de passar novamente por Los Angeles e levantar a extra-oficial Copa das Nações, vencendo a seleção olímpica argentina, nos pênaltis, e o América do México por 3 a 0 (três de Romário) na decisão.

Romário enfrenta os nigerianos na estreia.

Mesmo assim, havia problemas pelo caminho: o lateral-esquerdo Nelsinho, do São Paulo, fraturou o dedão do pé direito e teve de ser cortado às vésperas da estreia. Para seu lugar, veio Mazinho, do Vasco. Andrade, que acabara de trocar o Flamengo pela Roma, só pôde se apresentar dois dias antes do primeiro jogo, e mesmo assim, lesionado. Mas quando o Benfica venceu uma queda de braço com a CBF e anunciou que não liberaria seus recém-contratados Ricardo Gomes e Valdo, não houve o que fazer a não ser lamentar as baixas.

No dia 18 de setembro, enfim, a estreia contra a Nigéria, do atacante Rashidi Yekini. Em jogo duro no primeiro tempo, a goleada brasileira por 4 a 0 só começou a se desenhar aos 14 minutos da etapa final, com Edmar. Depois, Romário marcou duas vezes, e Bebeto completou nos últimos minutos. No dia 20, teríamos de novo a Austrália pela frente: vitória fácil por 3 a 0, três do Baixinho. Três que poderiam ter sido quatro: o atacante converteu um pênalti sofrido por ele mesmo, mas o árbitro mandou voltar a cobrança por invasão. E, desta vez, o goleiro australiano defendeu.

O capitão Geovani "levanta" Romário após o Baixinho marcar contra a Austrália.

O último adversário da primeira fase seria a Iugoslávia, que reunia vários jogadores que disputariam a Copa da Itália, dali a dois anos. Entre eles, os meias Srecko Katanec e Dragan Stojkovic e o atacante Davor Suker. Mas o Brasil era favorito, credenciado pela boa campanha, e abriu 1 a 0 com o lateral-esquerdo improvisado André Cruz, em uma bomba na cobrança de falta que acertou a trave antes de entrar, aos 25 minutos da primeira etapa. No segundo tempo, Bebeto aproveitou rebote do goleiro após chute de Romário e ampliou, antes de Sabanadzovic descontar. Três jogos, três vitórias, nove gols marcados, só um sofrido. Um belo cartel para apresentar ao adversário das quartas: a Argentina.
Com Andrade começando pela primeira vez nos Jogos como titular, o meio-campo ficou mais compacto. Outra alteração foi a volta de Jorginho, recuperado de problema físico, à lateral esquerda, com André Cruz formando a zaga com Aloísio. Na frente, Bebeto também ganhou a vaga, tendo Romário como parceiro. Mas a vitória brasileira de 1 a 0 não viria através de nenhum dos dois. O meia e capitão Geovani pegou o arqueiro argentino Islas de surpresa com um chute da intermediária, aos 31 minutos do segundo tempo, e marcou o único gol do jogo.
Nas semifinais, uma batalha épica contra o grande time da Alemanha Ocidental, de Thomas Hassler e Jurgen Klinsmann. Os brasileiros saíram atrás: Wuttke levantou cobrança de falta na área, a defesa falhou na linha de impedimento, e o líbero Fach apareceu sozinho para cabecear para o fundo das redes. Mas também de cabeça veio o empate do Brasil: Careca recebeu na ponta direita, foi à linha de fundo e cruzou para Romário marcar. Dois minutos depois, no entanto, por muito pouco não veio também a eliminação: Geovani cometeu pênalti bobo em Klinsmann e, para piorar, recebeu o cartão amarelo que o deixaria de fora da final, caso a Seleção avançasse. Mas Taffarel brilhou pela primeira vez na partida ao defender a cobrança de Funkel.

Taffarel defende a cobrança do alemão Funkel, no tempo normal da semifinal.

Um a um no tempo normal e prorrogação, veio a decisão nos pênaltis. E como contra o Canadá, em 1984, o goleiro brasileiro virou herói. Pegou a primeira cobrança, de Janssen. João Paulo fez 1 a 0 Brasil. Klinsmann acertou a trave. Luis Carlos Winck ampliou. Kleppinger descontou para os alemães. Romário converteu o terceiro penal brasileiro. Fach diminuiu de novo para a Alemanha. André Cruz teve o seu defendido por Kamps. Quando já se temia o empate dos europeus, veio a quinta cobrança alemã, com Wuttke. E Taffarel pegou. O Brasil estava, pela segunda vez consecutiva, na final do ouro olímpico.

Bebeto encara os soviéticos na decisão.


Na final, o adversário era, ironicamente, uma seleção de um país comunista, a URSS. Que não esteve em Los Angeles – juntamente com seus países-satélites do mundo socialista – ao revidar o boicote sofrido dos países do bloco capitalista aos Jogos de Moscou, em 1980. Mesmo desta vez competindo em igualdade de condições com as outras seleções (o que não acontecia pelo regulamento olímpico antigo que bania profissionais), os soviéticos tinham uma equipe forte o suficiente para chegar à final com méritos, derrotando pelo caminho Argentina e Itália.
Sem Ademir e Geovani, suspensos, o Brasil entrou com Milton ao lado de Andrade e Neto como armador. E foi o substituto do capitão brasileiro que iniciou a jogada do gol brasileiro: o meia do Guarani bateu escanteio fechado, venenoso, para o cabeceio de Romário, livre na pequena área: 1 a 0 aos 29 minutos da primeira etapa. Mas o time vermelho empatou quando Dobrovolski converteu pênalti duvidoso, aos 17 do segundo tempo. Enfrentaríamos outra prorrogação.

Romário terminou como artilheiro do torneio, com sete gols marcados em seis jogos.
Logo aos cinco minutos do tempo extra, os soviéticos tiveram o atacante Tartatchouk expulso. Mas o Brasil não soube aproveitar a vantagem de ter um jogador a mais. O time adversário se fechou e passou a explorar os contra-ataques. E aos 14 minutos, saiu o gol da virada. Após um tiro de meta, o meio-campo brasileiro não cortou, e Savitchev ganhou fácil na corrida de André Cruz, antes de tocar por cobertura na saída de Taffarel. O Brasil tentou o empate nos últimos 15 minutos, mas também teve um jogador expulso (o atacante Edmar, que havia entrado no lugar de Neto), e teve de lamentar a prata – ao contrário de se contentar com ela, como em 1984. Em Seul, tivemos tudo para levar o ouro.
Ou quase tudo: na véspera da final estourou uma crise entre cartolas e jogadores envolvendo a premiação por chegar à decisão. O vice-presidente da CBF, Nabi Abi Chedid, acusou os atletas de “mercenários”. E estes, liderados por Romário, rebateram afirmando que estavam dispostos a jogar até sem receber nada, somente pela medalha, mas que os dirigentes haviam feito uma proposta, a qual não tinham cumprido.
De todo modo, a Seleção Olímpica de 1988 acabou servindo de vitrine para que vários de seus jogadores trocassem o futebol brasileiro pelo europeu. Ainda durante a preparação para os Jogos, Ricardo Gomes e Valdo trocaram, respectivamente, o Fluminense e o Grêmio, pelo Benfica; o mesmo aconteceu até com veteranos, como o volante Andrade (que trocou o Flamengo pela Roma) e o atacante Edmar (foi do Corinthians para o Pescara italiano). Depois do torneio, Romário foi negociado pelo Vasco com o PSV holandês; o zagueiro Aloísio deixaria o Internacional para jogar no Barcelona; e o meia Milton foi vendido pelo Coritiba ao Como, da Itália.
Depois de Los Angeles e Seul, o Brasil nunca mais voltaria a disputar uma final olímpica no futebol masculino. A maior decepção foi a não classificação para os Jogos de Barcelona, em 1992, e de Atenas, em 2004, quando desperdiçamos duas gerações com talentos aos montes. Fomos obrigados a engolir um bronze em Atlanta ’96 e em Pequim 2008. E caímos nas quartas de final em Sydney 2000. Será que em Londres a história terá um final diferente?
 
A Seleção que enfrentou a Iugoslávia na primeira fase - em pé: André Cruz, Taffarel, Luis Carlos Winck, Batista, Aloísio e Ademir; agachados: Milton, Edmar, Careca, Geovani e Romário.

A CAMPANHA:

Primeira fase:
Brasil 4 x 0 Nigéria
Brasil 3 x 0 Austrália
Brasil 2 x 1 Iugoslávia
Quartas de final:
Brasil 1 x 0 Argentina
Semifinal:
Brasil 1 x 1 Alemanha Ocidental
Final:

O ELENCO:
Goleiros:
Taffarel (22 anos, Internacional, 6 jogos)
Zé Carlos (26 anos, Flamengo, não jogou)

Laterais:
Luis Carlos Winck (25 anos, Internacional, 6 jogos)
Jorginho (24 anos, Flamengo, 4 jogos)
Mazinho (22 anos, Vasco, não jogou)

Zagueiros:
Aloísio (25 anos, Internacional, 6 jogos)
André Cruz (19 anos, Ponte Preta, 6 jogos)
Batista (27 anos, Atlético-MG, 2 jogos)

Meias:
Ademir (28 anos, Cruzeiro, 5 jogos)
Andrade (31 anos, Flamengo, 3+1 jogos)
Milton (26 anos, Coritiba, 5+1 jogos)
Geovani (24 anos, Vasco, 5 jogos)
Neto (22 anos, Guarani, 1+1 jogos)

Atacantes:
Careca (19 anos, Cruzeiro, 5+1 jogos)
Bebeto (24 anos, Flamengo, 3+3 jogos)
Edmar (28 anos, Corinthians, 3+1 jogos)
Romário (22 anos, Vasco, 6 jogos)
João Paulo (24 anos, Guarani, 0+3 jogos)

Técnico: Carlos Alberto Silva

GRANDES FIASCOS ...

2008 -Pequim ( China ) 


Com uma preparação acidentada, o time de Dunga chegou a Pequim apostando em Ronaldinho como protagonista. Acabamos caindo nas semifinais por 3 a 0, diante dos Argentinos.




2000 – Sydney ( Austrália )


Em Sydney não levamos jogadores acima de 23 anos. Mesmo assim, montamos um timaço que tinha Lúcio, Alex, Ronaldinho, entre outros. Perdemos para Camarões, no 'Gol de Ouro'.




1996 – Atlanta ( Estados Unidos )


Zagallo levou um time de feras como Aldair, Bebeto, Rivaldo e Ronaldo, mas não resistiu diante da Nigéria de Kanu, perdendo nas semifinais de virada, por 4 a 3. Vexame!


Conclusão :
Que em Londres, os comandados de Mano Menezes fiquem atentos aos tombos que já sofremos ao longo da história. E que esse grupo nos traga o Ouro.

fonte de pesquisa :
http://blogs.lancenet.com.br/memoriadabola/tag/jogos-olimpicos/
http://www.lanceactivo.com.br/fl-duque/Blog/relembre-a-historia-olimpica-do-f
utebol-brasileiro-e-responda-a-selecao-de-neymar-pode-se-tornar-a-melhor-de-todas-/85845

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