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domingo, 31 de março de 2013

A HISTÓRIA DE MASASHI KISHIMOTO

 
Ele nasceu no dia 8 de novembro de 1974 em Katsuta localizado na Província de Okayana no Japão, e tem um irmão gêmeo que acabou seguindo a mesma carreira que ele. Masashi sempre foi muito influenciado pelos mangás japoneses e por causa disso antes de pensar em ser mangaká (Criador de Mangá), ele queria ser jogador de beisebol, influenciado ela obra de Mitsuru Adachi o criador de Touch.

Quando criança Masashi aprontou muito e sua primeira ilustração foi juntamente com seu irmão Seishi na parede de sua casa. Ele era um distraído de mão cheia e era viciado em televisão e grande fã de Doraemon. Esse fascínio lhe custou até algumas brigas na escola, já que nosso mangaká vivia desenhando o gato robótico e criticava o desenho de seus colegas dizendo que não era dessa forma que o desenhava.


Como já deu para perceber ele gostava muito desse mundo de mangá e anime e se tornou um fã de carteirinha de Dragon Ball. O mesmo já afirmou que era viciado na obra de Akira Toriyama e o considerava um Deus. Depois de conhecer Touch ele e o irmão decidiram entrar para o esporte, mas ambos perceberam que não levavam jeito pela coisa e mais tarde desistiram do beisebol. Depois de ficar um pouco afastado das ilustrações, teve sua inspiração de volta ao ver um poster de Akira, Kishimoto resolveu voltar a desenhar e criar seu próprio estilo.

Quando estava no segundo ano do colegial, Kishimoto criou uma pequena obra de 31 paginas e fez seu irmãozinho ler, mas Seishi achou muito chato a estória e desconfiado do gosto do irmão Masashi pediu ao pai que lesse mais o resultado foi o mesmo. Mas ele não desistiu continuou a criar mangás.

Com as notas nada boas, nosso mangaká estava preocupado em como conseguiria entrar na faculdade, fez cursinho mais não resolveu e ele decidiu entrar na faculdade de artes já que a prova de habilidades especificas tem mais valor, e por ter estudado desenho a vida toda ele conseguiu entrar na faculdade.

Seu grande sonho era fazer parte do time da Shonen Jump. E pensava em fazer um mangá de samurai, e ficou um pouco impressionado com duas grandes obras da época Samurai X e Blade- a lâmina imortal. Mas no fim mandou seu mangá para um concurso e nunca recebeu uma resposta. Passou uma época difícil onde encontrou muita dificuldade em melhorar suas obras e até ficou um tempo afastado dos mangás. Mas após ver um amigo lendo Slam Dunk, animou-se a voltar a desenhar.

Mas a dúvida veio que estilo escolher seinen ou shonen? Primeiramente ele tentou seinen, mas não deu certo ai ele resolveu tentar um estilo shonen mais ainda não era o que ele queria. Depois de ser influenciado pelo mangá Hashite! Merosu! de Tetsuya Nishio, Masashi encontrou seu estilo ao desenhar.

Ele resolveu mandar uma de suas obras para Shonen Jump e mandou o one-shot Kurakuri como o próprio define trata de um filme de ficção cientifica de baixo orçamento e brega (imagina o que ele fala do Naruto). Depois de rezar muito e sonhar com o telefonema da editora, nada de resposta. Ai ele resolveu comprar a nova edição da revista e quando viu seu desenho na página de vencedores ele começou a gritar de felicidades e daí em diante ele seria um mangaká. Mas como a vida não é nada fácil ele teve algumas obras rejeitadas pela revista. Como:

Michikusa: a estória gira em torno de Akira e seus amigos Kacchin e Kaoru que acabam encontrando uma carteira perdida na rua e entram em uma grande aventura.

Asian Punk: inspirado no filme os caça fantasmas, o mangá era sobre uma criança que lutava contra fantasmas usando um machado que possuia poderes sobrenaturais.

O rei do beisebol: acredito que ele relembrou a época que jogava. Conta à estória de dois adolescentes que sonhavam ser grandes jogadores de beisebol.

Magic Mushroom: nosso protagonista dessa fez é um garoto que frequenta uma escola de magia, e se mete em grandes confusões depois de colocar as mãos em um pergaminho antigo que foi selado por magia negra.

Mario: dessa fez ele resolveu falar da mafia. E ele pretende ainda concluir esse mangá depois de terminar Naruto.

Nenhuma dessas estórias convenceu a equipe da Shonen Jump. Depois de rever Dragon Ball como todo fã, ele teve uma ideia observando nosso amado protagonista Goku e começou a criação do personagem Naruto.

O personagem foi utilizado no especial Aka Maru Jump e o loiro ainda não tinha nada a ver com ninjas, falava apenas de magias demoníacas  Ai ele resolveu utilizar o energético personagem em sua nova obra. Assim ele começou a criar a estória do nosso ninja.
Para aqueles que não sabem Sasuke é o personagem preferido do mangaká e nas primeiras ilustrações Sasuke tinha um lenço no pescoço, mas como Masashi é preguiçoso resolveu tirar esse detalhe já que era um detalhe a mais para desenhar.

Já a criação da Sakura foi complicada, o autor achava que não conseguia desenhar garotas bonitas e resolveu dar algumas características extras a personagem como sua voz interior. Sobre Kakashi-sensei ele pensou em um ninja cheio de pose e esnobe e ele seria o primeiro professor de Naruto. Mas como todas sabem ele resolveu mudar de ideia. A vila oculta da folha foi inspirada em uma história de sua cidade natal.

Sobre a bandana o proprio diz o seguinte: “Como eu gostei muito do Naruto entre os primeiros personagens que eu criei, resolvi utilizá-lo na minha nova série. Só que seria muito sofrível ter que desenhar óculos de aviador todas às vezes! Foi aí que bolei a bandana ninja.” Ele mesmo admite que é preguiçoso.
 Encerro por aqui e espero que tenham gostado, e como bons fãs de Naruto vamos torcer por uma final espetacular com direito a um romance do protagonista com algum das meninas. Se não eu serei a primeira a querer esganar ele, mas chega de enrolação e até a próxima.
 
fonte :lidernaruto.net

sábado, 30 de março de 2013

A HISTÓRIA DO TEMIDO LAMPIÃO, O REI DO CANGAÇO

 Esse “rei” assaltou, seqüestrou, torturou, assassinou. 
E foi assim, como um sádico fora-da-lei, que ele se tornou um ídolo popular.

 
Olê mulher rendeira / Olê mulher rendá / Tu me ensina a fazer renda / Que eu te ensino a namorar.” Esses versos, quando soavam no sertão nordestino dos anos 20 e 30, podiam ser prenúncio de muito sangue – ou de muita festa. Lampião e seu bando entravam nas vilas cantando. Se a população negasse o que queriam – dinheiro, comida, apoio –, eles revidavam. Seqüestravam crianças, incendiavam fazendas, matavam rebanhos, estupravam, assassinavam e torturavam. Se fossem atendidos, organizavam bailes e davam esmolas. Por isso, quando ouvia Mulher Rendeira, que aliás é de autoria de Lampião, a gente sertaneja oscilava entre o pavor e a curiosidade. Ou fugia ou ia espiar pelas frestas, para ver aquele cuja fama já fascinava o país.


Mais mito que verdade

No interior do Pernambuco, o culto já exige monumentos. No dia 7 de julho, quando, segundo o Registro Civil, se comemoram 100 anos do nascimento de Lampião, o município de Triunfo lançará a pedra fundamental de uma estátua de 32 metros de altura para homenageá-lo. Com o apoio do povo. Triunfo segue o exemplo da vizinha Serra Talhada, ex-Vila Bela, terra natal do cangaceiro, que, em 1991, organizou um plebiscito para saber se ele merecia uma honraria dessas. O resultado foi sim e a estátua só não existe ainda por falta de verbas.
Bem antes de morrer, Lampião já inspirava poemas, músicas e livros. Uma propaganda de remédio chegou a comparar os males que ele causava à sociedade com os distúrbios provocados pela prisão de ventre. Mas a referência ao cangaceiro como figura nociva era exceção. Em geral, ele era tratado como herói, um nobre salteador, que tomava dos ricos para dar aos pobres. Em 1931, o mais importante jornal americano, The New York Times, divulgou essa versão caridosa do criminoso.
Com o tempo, o mito só cresceu. Este ano serão lançados mais três filmes (Corisco e Dadá, O Cangaceiro e O Baile Perfumado) e uma novela (Mandacaru, na Rede Manchete) sobre Lampião. Isso sem falar nos livros. E muitas dessas obras continuam mistificando o bandido, como se houvesse algum glamour em sua biografia.




Crueldades varrem o Sertão

Não dá para enumerar as atrocidades cometidas por Lampião. Sob o escudo da vingança, ele tornou-se um “expert” em “sangrar” pessoas, enfiando-lhes longos punhais corpo adentro entre a clavícula e o pescoço. E consentiu que marcassem rostos de mulheres com ferro quente. Arrancou olhos, cortou orelhas e línguas. Castrou um homem dizendo que ele precisava engordar.
Não há nada que justifique práticas assim. Mas muitos pesquisadores tentam explicá-las. “Lampião é um produto do seu meio”, arrisca Paulo Medeiros Gastão, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, com sede em Mossoró (RN). “Ele foi levado por fatores ligados à vida no sertão, como ignorância, secas, ausência de governo e de Justiça”, diz Gastão. Mas argumentos assim, alegados por muitos estudiosos, não são suficientes para entender Lampião. É o que garante o historiador americano Billy Jaynes Chandler, especialista do assunto: “Sua história, com todas as suas excentricidades, é toda dele”.
O ambiente em que o bandido cresceu, porém, tem seu peso. De acordo com Vera Lúcia F. C. Rocha, da Universidade Estadual do Ceará, “o código de honra do sertão não culpabiliza os homens que matam por vingança, mas enaltece sua coragem”. Vera, que acaba de lançar o livro Cangaço: Um Certo Modo de Ver, lembra que aquela sociedade repete para os meninos: “Seja homem”. Será que era a essa expectativa que Virgulino Ferreira tentava atender?
 
Nada a ver com Robin Hood

Não são poucos os que vêem em Lampião um Robin Hood nordestino. “Ele foi bandido, mas também teve atitudes de distribuir o que tomava”, diz o pesquisador Antônio Amaury C. de Araújo, de São Paulo, que escreveu seis livros sobre o cangaço. É, houve passagens assim. Em 1927, o bando entrou em Limoeiro do Norte (CE) jogando moedas para as crianças. Cena semelhante acontecera em Juazeiro, quando, num dos mais absurdos episódios da história brasileira, o bandido foi convocado para combater a Coluna Prestes.

“Mas Lampião nunca escolheu aliados em função da classe social”, diz o antropólogo Villela. “Pobres e ricos, oprimidos e opressores, todos eram bons desde que satisfizessem suas exigências. Todos eram inimigos desde que se opusessem a seus propósitos.”
O historiador inglês Eric Hobsbawn chegou a classificá-lo como um “bandido social” – não exatamente um Robin Hood, mas um tipo vingador. “Sua justiça social consiste na destruição”, disse Hobsbawn, que foi criticado pela avaliação. Billy Chandler, por exemplo, acha que Lampião só poderia ser considerado um bandido social por ter raízes em um ambiente injusto, nunca por se preocupar com a justiça social.
Villela concorda. Para ele, Lampião resistiu a um tipo de migração vergonhosa, a migração do medo, que empurrava para longe gente ameaçada por inimigos ou pela polícia. Para não passar por covarde, assumiu o nomadismo e a violência. As boas ações seriam um “escudo ético”, na opinião de Frederico Pernambucano de Mello, superintendente de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco, de Recife. Lampião, apesar de perverso, queria ser visto como um homem bom.


Apoio logístico de primeira

A formação que Lampião teve em casa valeu muito para sua brilhante atuação no cangaço. Com uma tropa de burros, sua família fazia frete de mercadorias. Virgulino aprendeu bastante sobre caminhos e viagens longas no trabalho com o pai. Além disso, conheceu muita gente do sertão. E tantos contatos acabariam sendo preciosos mais tarde.
A rede de apoio que ele tinha era fantástica, embora não fosse formada só de amigos. O historiador cearense Abelardo Montenegro definiu três tipos de coiteiros, como eram chamados aqueles que davam proteção ao bandido: o involuntário, que tinha medo, o vingador, que queria usar seus serviços, e o comerciante, que visava lucro. De acordo com a também cearense Vera Rocha, para a polícia havia só dois tipos: os ricos, que queriam proteger suas propriedades, o que era considerado compreensível, e os pobres, que o admiravam, o que era inadmissível.
Na verdade, ninguém tinha coragem de negar ajuda ao cangaceiro. E todo mundo também morria de medo da polícia. Em 1932, quando a repressão acirrou, as volantes, tropas andarilhas, transformaram-se num terror. “Quem tivesse 16, 17 ou 18 anos tinha que se alistar no cangaço ou na volante, senão ficava à mercê dos dois”, costuma dizer Criança, ex-cangaceiro que mora hoje no litoral paulista.
Os coronéis não tinham esse problema. Lampião chegou a ser amigo do capitão Eronides Carvalho, médico do Exército que se tornaria governador de Sergipe em 1934. O próprio confessou, anos depois, ter arranjado, mais de uma vez, munição para o bando.


Em paz, somente com Deus

Em meio ao sangue, Lampião achava lugar para a religião. Nos acampamentos, rezava o ofício, espécie de missa. Carregava livros de orações e pregava fotos do Padre Cícero na roupa. Em várias das cidades que invadiu chegou a ir à igreja, onde deixava donativos fartos, exceto para São Benedito. “Onde já se viu negro ser santo?”, dizia, demonstrando seu racismo. Supersticioso, andava com amuletos espalhados pela roupa. Levou sete tiros e perdeu o olho direito, mas acreditava-se que tinha o corpo fechado.
Em tempos de calmaria, os cangaceiros dividiam o tempo entre a fé e o prazer. Jogavam cartas, bebiam, promoviam lutas de homens e de cachorros, faziam versos, cantavam, tocavam e organizavam bailes. Para essas ocasiões se perfumavam muito. Mello informa que Lampião tinha preferência pelo perfume francês Fleur d’Amour. Balão, que viveu os últimos anos do cangaço, contou antes de morrer que eles usavam mesmo era Madeira do Oriente, bem mais popular. Há relatos de que os bandoleiros perfumavam até os cavalos quando andavam montados.


Jeito estranho de constituir família
 

Muito se fala que Lampião respeitava as mulheres. Mas parece que não era bem assim. Consta que em 1923, num lugar chamado Bonito de Santa Fé (PB), ele deu início ao estupro coletivo da mulher de um delegado. Eram 25 homens. “Tirei muita mocinha das mãos de companheiros”, conta Ilda Ribeiro de Souza, a Sila, 73 anos, a viúva do cangaceiro José Sereno, que vive em São Paulo.



O líder também mandava marcar a ferro moças que usassem cabelos ou vestidos curtos. É possível que Maria Déa, a Maria Bonita, não soubesse dessas histórias quando se apaixonou por ele. Ela o conheceu em 1929 e, em 1930, deixou o marido, o sapateiro José Neném, para segui-lo. Assim, abriu as portas para a entrada de mulheres no bando. Segundo Frederico de Mello, era uma época de “mais idade, menos guerra e mais limpeza”. Alguns estudiosos acreditam que as mulheres rivalizaram com as armas, desviando os homens da concentração militar. Teriam sido responsáveis pelo fim do cangaço.
De fato, alguns problemas surgiram, como o nascimento de crianças. A solução foi dá-las para padres ou fazendeiros. Quando morria um companheiro, a viúva tinha de arranjar novo par. Por duas vezes isso não deu certo e a saída foi executar as mulheres. Rosinha e Cristina foram assassinadas para não ameaçar o grupo. Outro drama era o adultério. Lídia e Lili morreram por trair seus companheiros.
É curioso notar como, apesar de atitudes extremamente conservadoras com as mulheres, Lampião chegava a ser moderno em outros aspectos. Mandava cartas com papéis que tinham seu nome datilografado, tremenda novidade na região. De acordo com Mello, preocupado com falsificação de correspondência – houve quem tentasse se passar por ele para levantar um dinheirinho – mandou fazer cartões de visita com sua foto. E tinha até garrafa térmica. De um certo ponto de vista, pode-se dizer que levava uma vida sofisticada.


Muita bala e cabeça de guerrilheiro

O bando de Lampião chegou a passar sede e fome, mas munição nunca faltou. Nem os “cabras” de maior confiança sabiam de onde vinha tanta bala. Direta ou indiretamente, a principal fonte foi a própria polícia. Pesam fortes suspeitas até sobre o capitão João Bezerra, o mesmo que acabou matando Lampião em Sergipe, em 1938.
Com suprimento suficiente e a cabeça de guerrilheiro de Lampião, o bando ganhava todas. Não se sabe quantos combates foram travados. O ex-comandante de volantes pernambucano Optato Gueiros contou 75. O cangaceiro, já em 1926, falava em 200. Também não há números sobre as baixas. “Alguns afirmam que morreram, em ambos os lados, cerca de 1 000 homens”, diz o historiador Jovenildo Pinheiro, da Universidade Federal de Pernambuco.
Para conseguir bons resultados, Lampião evitava ao máximo os confrontos e abusava de uma tática conhecida como dueto. Ao ataque da polícia, simulava uma fuga, esperando o inimigo em outro local, de surpresa. Havia quem dissesse que isso era covardia. Ele preferia chamar de esperteza.
Virgulino gostava das armas. Foi delas, aliás, que ganhou seu apelido. Diz-se que certa vez ele iluminou o ambiente com tiros, como um lampião, para que um colega encontrasse um cigarro caído no escuro. Outra versão conta que ele fez uma modificação num fuzil, tornando-o mais rápido, de modo que o cano estava sempre aceso. Como um lampião.


Encurralado no esconderijo

Em 1996, o fotógrafo mineiro José Geraldo Aguiar causou considerável estardalhaço quando anunciou que Lampião não morreu em 1938, aos 41 anos, como está escrito nos livros de História. Ele teria morrido apenas em 1993, em Minas, com o nome de Antônio Maria da Conceição. Aguiar pediu a exumação do corpo de Conceição mas a Justiça negou. Agora aguarda julgamento de um novo processo que apresentou. “Eu vou provar que estou falando a verdade”, garantiu ele à revista SUPER.
 
Enquanto isso, fica valendo a história antiga. Lampião foi traído por um coiteiro e surpreendido pelos “macacos”, como ele chamava os policiais, comandados por João Bezerra. O chefe do cangaço estava em um de seus coitos (esconderijos), na Fazenda Angico, em Porto da Folha, Sergipe. Isso aconteceu na madrugada de 28 de julho de 1938. Os trinta homens e cinco mulheres começavam a se levantar e os 48 policiais traziam uma metralhadora Hotchkiss, um dos sonhos de Lampião. Além dele e de Maria Bonita, foram mortos mais nove cangaceiros. A selvageria policial foi equivalente à dos bandidos. As cabeças dos mortos saíram em uma turnê macabra, e foram expostas em várias cidades. As de Lampião e de Maria, que foi degolada viva, seguiram para o Instituto Nina Rodrigues, em Salvador. Só foram enterradas em 1969.



Mas a história também pode não ter sido bem assim. Naquela época, Lampião negociava sua saída do cangaço com a polícia de três Estados. Por isso, há a suspeita de que o episódio de Angico foi uma farsa e de que a cabeça atribuída ao rei do cangaço era de um outro qualquer. Diz-se que ele carregava 1 000 contos de réis (um carro custava 8 contos) e uns 5 quilos de ouro. Isso sem falar no dinheiro que agiotava e que, claro, deixou de receber. Enfim, poderia ter subornado seus perseguidores e se mandado, como garante José Geraldo Aguiar.
Cinco dias depois do combate, Corisco, o diabo loiro, que não estava presente, matou um coiteiro, que imaginou ser responsável pela denúncia do amigo, e mais cinco pessoas de sua família. Cortou as cabeças e mandou para Bezerra. Em 1940, Corisco foi morto. Com ele, morreu o cangaço.

Eles também são idolatrados

Na década de 60, o historiador inglês Eric Hobsbawn incluiu Lampião entre um grupo de criminosos “sociais”. Para chegar a tal conclusão, Hobsbawn se baseou mais nas lendas do que nos fatos, como ele mesmo admitiu. A maioria dos estudiosos vê em Lampião apenas um bandido sanguinário, sem qualquer objetivo nobre. Estimulado, talvez, pelo ambiente, ele caiu num tipo de vida da qual não tinha muito jeito de sair. O fato de ter sido transformado em herói não é novidade. Outros criminosos sofreram o mesmo processo. É o caso do americano Jesse James, dos filmes de faroeste. No Brasil, nunca houve um que se comparasse ao cangaceiro, mas muitos foram bastante exaltados.


PARA SABER MAIS


Lampião – O Rei dos Cangaceiros, Billy Jaynes Chandler, Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1986.
Lampião: As Mulheres e o Cangaço, Antonio Amaury Corrêa de Araújo, Traço Editora, São Paulo, 1984.
Quem Foi Lampião, Frederico Pernambucano de Mello, Stahli, Zurique, 1993.
O Espinho do Quipá, Vera Ferreira e Antonio Amaury, Oficina Cultural Mônica Buonfiglio, São Paulo, 1997.


O domínio do medo

De 1922 a 1938, Lampião assaltou, saqueou e matou em sete Estados do Nordeste. Veja como ele se movimentou ao longo do tempo.
Invencibilidade nômade

Este mapa é aproximado e foi feito para a revista  SUPER  pelos antropólogos Jorge Luiz Villela e Ana Claudia Marques, da Universidade Federal de Santa Catarina, que estudam a característica nômade do cangaço. “Lampião estabeleceu um território político, militar, econômico e jurídico, que era constituído sobretudo por meio do movimento e não da apropriação”, diz Villela. Ana Cláudia completa: “Sabia-se onde ele esteve; mas era difícil saber onde estava e virtualmente impossível saber para onde ele iria”. Isso explica em parte a famosa invencibilidade do bandido.


1922 e 1923

 Logo que assume pela primeira vez a chefia de um bando, Lampião já atua em vários Estados.


 1923 e 1924

A conquista de apoio em Princesa (PE) e em Sousa (PB) leva o bando mais para o norte.

 1924

Um ataque a Sousa resulta na perda da preciosa proteção do coronel José Pereira e de parte da área dominada.


 1925 a 1928

O vandalismo se espalha de novo.

 1927

Em Mossoró (RN), a quadrilha, com 120 homens, é rechaçada por moradores e não volta mais ao Estado.

 A partir de 1928

O bando é pulverizado em vários grupos menores, que passam a atacar também na Bahia e em Sergipe.

O começo de uma carreira de horrores

Lampião inspirou muita literatura, mas não foi a origem da palavra cangaço. No século XIX, ela já designava bandoleiros nordestinos que carregavam o rifle deitado sobre os ombros, lembrando a canga, arreio de madeira que vai sobre o pescoço dos bois, e o nome pegou. Canga, cangaço, cangaceiro.
O pernambucano Cabeleira, nascido em 1751, foi o primeiro a virar mito. Acabou enforcado. Lucas da Feira, de 1807, também foi executado, mas antes viajou ao Rio para estar com D. Pedro II, que desejava conhecê-lo. Depois vieram Jesuíno Brilhante, Meia Noite, Antonio Silvino e Sinhô Pereira. Foi no bando deste último que Virgulino Ferreira da Silva ingressou, aos 24 anos.
Filho de um pequeno proprietário rural, o rapaz sabia ler e era hábil artesão em couro. Mas entortou sua biografia em 1915, quando acusou um empregado do vizinho José Saturnino de roubar uns bodes.
A rixa entre as famílias durou anos. Em 1919, Virgulino e dois irmãos, Livino e Antônio, caíram no crime. Matavam gado do inimigo e assaltavam.
No encalço dos três irmãos, a polícia prendeu um quarto, o inocente João. O pai, José Ferreira, fugiu. No caminho, hospedou-se na casa de um amigo, onde foi morto pela polícia. Virgulino, diz a lenda, jurou: “De hoje em diante vou matar até morrer.”
Como o país armou Lampião
Para combater a Coluna Prestes, marcha de militares revoltosos comandados pelo capitão Luís Carlos Prestes, que depois tornou-se líder comunista, o governo se aliou ao cangaceiro em 1926.


Janeiro: o bandido é convocado


Com a coluna se aproximando do Ceará, Floro Bartolomeu, deputado federal do Estado, recruta uma força de defesa, os Batalhões Patrióticos, e vai com ela para Campos Sales (CE). Prepara uma carta convocando Lampião e a manda para o Padre Cícero endossar. Um mensageiro vai atrás de Lampião. Enquanto isso, Bartolomeu, adoentado, segue para o Rio.


Fevereiro: confusão entre inimigos


Aparentemente sem ter recebido a carta de Bartolomeu, Lampião cuida de seus interesses pessoais em Pernambuco. Invade a fazenda de um antigo inimigo, mata dois, fere dois e incendeia a casa. Saindo desse ataque, no mesmo dia, tem um combate com a coluna, mas pensa que está lutando com a polícia.


Março: defensor público por pouco tempo


Lampião recebe a carta e segue para Juazeiro. Acampa com 49 homens perto da cidade e mais de 4 000 curiosos vão vê-lo. No dia 5, se encontra com o Padre Cícero e recebe uma patente de capitão dos Batalhões Patrióticos, assinada, acredite, por um funcionário do Ministério da Agricultura. Mais tarde esse homem diria que, naquelas circunstâncias, assinaria até a exoneração do presidente. Todos os cangaceiros recebem uniformes e fuzis automáticos. No dia 8, Floro morre. Lampião parte decidido a cumprir o combinado, mas é perseguido em Pernambuco, o que o desaponta. Volta para falar com o Padre Cícero. Como este não o recebe, interrompe sua carreira de defensor público e retoma a rotina de crimes.
Figurino eficiente e de estilo
Como se vestiam as mulheres e os homens do cangaço.
Em 1929, na cidade de Capela, Sergipe, Lampião pesou seu equipamento. Sem as armas e com os depósitos de água vazios, deu 29 quilos. E isso também não incluía a roupa, grossa o suficiente para protegê-lo dos espinhos da caatinga. O figurino inteiro era de grande valia. Ao lado, ele é mostrado por Corisco, um dos homens de confiança de Lampião, que tinha seu próprio bando, e sua mulher Dadá. Não é à toa que quando começaram a construir estradas no Sertão, Lampião ficou furioso, a ponto de matar muitos trabalhadores inocentes. Ele não precisava de estradas e sabia que elas seriam o seu fim.
Truques que davam certo
O conhecimento do ambiente e o uso de algumas táticas davam vantagem ao cangaceiro.


Rastros

Uma forma de escondê-los era andar em fila indiana, todos pisando na mesma pegada. O último ia de costas, apagando-a com plantas. Mandavam também fazer alpercatas com o salto na frente e não atrás, como é normal. A pegada parecia apontar para o outro lado.


Comunicações

Quando entrava numa cidade, o bando cortava o fio do telégrafo e tomava o posto telefônico, impedindo pedidos de socorro.


Estradas

Eram evitadas. Os bandoleiros iam por dentro da caatinga. Quando não tinham outra opção, seqüestravam todas as pessoas que encontravam e levavam os reféns ao menos por um tempo.


Psicologia

Não deixavam a polícia avaliar o resultado dos combates. Levavam os mortos e, quando não dava, cortavam-lhes as cabeças, dificultando a identificação.


Apelidos

Quando um integrante do grupo morria, seu apelido era adotado por um novato. Essa é uma das razões que faziam os cangaceiros parecer invencíveis, pois os nomes eram imortais.


Alarmes

Sempre havia cães acompanhando o bando. Eles funcionavam como sentinelas. Havia também um sistema banal de alarme. Consistia em cercar o acampamento com fios ligados a sinos.

Fonte extraída da

Revista Super Interessante Junho de 1997  
 com algumas modificações
Texto de Wanda Nestlehner



sexta-feira, 29 de março de 2013

A SEMANA SANTA E A ORIGEM DA PÁSCOA




As origens do termo 

A Páscoa é uma das datas comemorativas mais importantes entre as culturas ocidentais. A origem desta comemoração remonta muitos séculos atrás. O termo “Páscoa” tem uma origem religiosa que vem do latim Pascae. Na Grécia Antiga, este termo também é encontrado como Paska. Porém sua origem mais remota é entre os hebreus, onde aparece o termo Pesach, cujo significado é passagem. 
 
 

Entre as civilizações antigas 


Historiadores encontraram informações que levam a concluir que uma festa de passagem era comemorada entre povos europeus há milhares de anos atrás. Principalmente na região do Mediterrâneo, algumas sociedades, entre elas a grega, festejavam a passagem do inverno para a primavera, durante o mês de março. Geralmente, esta festa era realizada na primeira lua cheia da época das flores. Entre os povos da antiguidade, o fim do inverno e o começo da primavera era de extrema importância, pois estava ligado a maiores chances de sobrevivência em função do rigoroso inverno que castigava a Europa, dificultando a produção de alimentos.

A Páscoa Judaica

Entre os judeus, esta data assume um significado muito importante, pois marca o êxodo deste povo do Egito, por volta de 1250 a.C, onde foram aprisionados pelos faraós durantes vários anos. Esta história encontra-se no Velho Testamento da Bíblia, no livro Êxodo. A Páscoa Judaica também está relacionada com a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, onde liderados por Moises, fugiram do Egito.

Nesta data, os judeus fazem e comem o matzá (pão sem fermento) para lembrar a rápida fuga do Egito, quando não sobrou tempo para fermentar o pão. 

A Páscoa entre os cristãos

Entre os primeiros cristãos, esta data celebrava a ressurreição de Jesus Cristo (quando, após a morte, sua alma voltou a se unir ao seu corpo). O festejo era realizado no domingo seguinte a lua cheia posterior al equinócio da Primavera (21 de março).




Entre os cristãos, a semana anterior à Páscoa é considerada como Semana Santa. Esta semana tem início no Domingo de Ramos que marca a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém.   


A História do coelhinho da Páscoa e os ovos  

 


A figura do coelho está simbolicamente relacionada à esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade. O coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades. Entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida, numa época onde o índice de mortalidade era altíssimo. No Egito Antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas.
 
 


Mas o que a reprodução tem a ver com os significados religiosos da Páscoa? Tanto no significado judeu quanto no cristão, esta data relaciona-se com a esperança de uma vida nova. Já os ovos de Páscoa (de chocolate, enfeites, jóias), também estão neste contexto da fertilidade e da vida.
A figura do coelho da Páscoa foi trazido para a América pelos imigrantes alemães, entre o final do século XVII e início do XVIII.


fonte : suapesquisa.com




quinta-feira, 28 de março de 2013

O SURGIMENTO DO HOMO SAPIENS



Homo sapiens, uma grande aventura do surgimento do Homo sapiens ao advento da agricultura, passaram-se quase 200 mil anos. Foi o tempo que nossos ancestrais precisaram para fundar as primeiras civilizações.
A aventura começou há 200 mil anos, na África, quando surgiu o Homo sapiens - a primeira espécie anatomicamente parecida com a gente. Durante 75% desse tempo, a maior façanha do homem primitivo foi simplesmente sobreviver. As ferramentas eram rudimentares e havia sempre um crocodilo gigante à espreita.



Por volta de 80.000 a.C., a população humana não passava de 2 mil. Ou seja: a espécie toda caberia num teatro de hoje. Nossos ancestrais vagavam pelo continente africano em grupos isolados, se virando para enfrentar uma Era Glacial. Estiveram à beira da extinção. Foi quando caiu uma ficha fundamental: o jeito era "botar o pé na estrada" e procurar uma vida melhor em outros cantos do mundo.



A expansão começou 60 mil anos atrás, quando nossos antepassados começaram a experimentar uma revolução no modo de pensar. Como diz o geneticista e antropólogo americano Spencer Wells, nessa época o homem se transformou numa "máquina de inovação". Inovar, neste caso, significava duas coisas: primeiro, ter uma ideia; depois, convencer o grupo a executá-la. Foi assim que os humanos passaram a fabricar ferramentas mais precisas, construir instrumentos de caça mais eficientes... Enfim, começaram a desenvolver tecnologias.

Novos Horizontes
Para muitos antropólogos, essa transformação só foi possível graças ao aprimoramento da linguagem. Também naquela época, nossos ancestrais elaboraram formas mais complexas de comunicação, ampliando sua capacidade de trocar informações e experiências. Hoje em dia, parece algo banal, mas representava um avanço e tanto àquela altura. A vida em sociedade começava a ganhar sofisticação. Era o início de um processo que ajudaria a moldar o comportamento moderno da espécie humana. Mas que, naquele momento, provavelmente levou-a a concluir que a vida poderia ser bem melhor - ou pelo menos diferente - fora da África.

Alguns grupos de Homo sapiens cruzaram o continente africano e chegaram ao Oriente Médio. Outros povoaram a Europa. Houve ainda os que avançaram Ásia adentro e colonizaram a Austrália, usando barcos pela primeira vez.



Aqueles que alcançaram a Sibéria descobriram por lá uma fonte tentadora de comida: mamutes. Passaram a caçar esses enormes animais usando microlitos (pedras lascadas e bem afiadas, fixadas na ponta de uma lança). Do mamute abatido não se tirava apenas a carne. Com o couro e os ossos, esses siberianos primitivos faziam roupas e abrigos graças a uma invenção tão simples quanto genial: a agulha de costura. Foram seus descendentes que provavelmente cruzaram o estreito de Bering, há cerca de 15 mil anos, e dali conquistaram as Américas .

Raciocínio Apurado
  

Enquanto se espalhavam pelo mundo, nossos ancestrais expandiam não apenas seu horizonte geográfico, mas também o intelectual. Figuras gravadas na pedra deram lugar a pinturas. Ao mesmo tempo, sepultamentos e rituais funerários tornaram-se práticas cada vez mais comuns, indicando que o homem já caminhava em direção ao pensamento metafísico. Com tecnologias de caça aprimoradas e raciocínio cada vez mais apurado, ele foi ocupando o mundo inteiro, do Japão à Patagônia.

Quando terminou a última Era Glacial, há cerca de 12 mil anos, a Terra ficou bem mais hospitaleira e nossos antepassados mudaram de vida novamente. Deixaram a caça e a coleta de frutos para se dedicar à agricultura. Surgiram, assim, os primeiros povoados, em torno dos quais produziam- se alimentos e domesticavam-se animais. Agora, o homem não precisava mais ir de um lugar para o outro a fim de garantir sua sobrevivência. Podia se estabelecer definitivamente aqui ou ali, para sempre. Estava criado o ambiente propício ao surgimento das primeiras civilizações.

Texto Eduardo Szklarz
fonte : super.abril.com.br

quarta-feira, 27 de março de 2013

OS DOIS LOBOS - A BATALHA DENTRO DE NÓS (PARA REFLETIR)

 
Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas. Ele disse:

- Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós.

 
Um é Mau:


É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, orgulho, falsidade, superioridade e ego.


 
O outro é Bom:

 É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.


O neto pensou naquilo por alguns minutos e perguntou ao seu avô:

- Qual o lobo que vence?

O velho índio respondeu:

- Aquele que você alimenta.

fonte : provérbio popular

terça-feira, 26 de março de 2013

QUEM FOI MARTINHO LUTERO ?


Martinho Lutero nasceu a 10 de novembro de 1483 no centro da Alemanha, em Eisleben, Turíngia/Alemanha. Seus pais, João e Margarida, eram pobres - João era mineiro e lenhador - porém não iletrado, de modo que puderam dar-lhe boa orientação educacional. Visando a melhorar a vida econômica, fixaram residência, em 1484, em Mansfeld, onde Martinho iniciou seus estudos. Terminando o curso da escola daquela localidade, então com 14 anos, deixou a casa paterna e ingressou na escola superior de Magdeburgo. Depois de um ano ali, teve que retornar à casa paterna acometido de grave enfermidade, indo por esta razão, no ano seguinte, estudar em Eisenach. Três anos cursou o colégio de Eisenach. Em 1501 ingressava na Universidade de Erfurt, cidade conhecida como "Roma Alemã" pelo número de suas igrejas e mosteiros. Obteve ali os graus de Bacharel (1502) e Mestre em Arte (1505). No mesmo ano ingressou no curso de Direito.

Este, porém, foi interrompido visto que, a 02 de julho de 1505, regressando da casa paterna, teve sua vida seriamente ameaçada por uma tempestade que, por pouco, lhe tirara a vida. Fez, nesta oportunidade, um voto a Sant’ana que, se lhe fosse dado viver, ingressaria no mosteiro para tornar-se monge. No dia 17 de julho de 1505 as portas do convento da Ordem dos Agostinhos fechavam-se atrás dele.

Sacerdote


Em fevereiro de 1507 foi ordenado sacerdote. Vivia, no entanto, em completo desespero, buscando, dias e noites a fio, em tremendos tormentos espirituais, resposta à pergunta: "De que maneira conseguirei um Deus misericordioso?" Reconheceu muito logo que jamais seria possível obter certeza de sua salvação mediante boas obras, pela impossibilidade de saber se são suficientes, mormente em se tratando de uma alma de consciência extremamente sensível.

Professor

Por indicação do vigário da ordem, João de Staupitz, que reconhecia em Lutero urna erudição e inteligência incomuns, Lutero foi designado professor na Universidade de Wittenberg, fundada em 1502 por Frederico, o Sábio, duque da Saxônia e presidente dos sete eleitores civis que, juntamente com sete autoridades religiosas, elegiam o imperador do Sacro Império -Romano da Nação Alemã. Ocupou ali a cadeira de Teologia. Continuou também seus estudos, instruindo-se principalmente nas línguas gregas e hebraica. A 09 de março de 1509 obteve o grau de Baccalaureus Biblicus.

Viagem a Roma


Em 1511, então com 28 anos, foi enviado em missão diplomática a Roma, para solucionar uma divergência entre sete conventos de sua Ordem e o vigário geral da mesma. A corrupção, imoralidade, as zombarias, o desrespeito do clero e da cúpula da igreja para com as coisas sagradas marcaram nele uma profunda decepção. Embora profundamente entristecido, as esmagadoras desilusões sofridas não o levaram a descrer de sua igreja.

Doutor em Teologia
Em outubro de 1512, recebia, das mãos do decano da faculdade de Teologia, o grau de Doutor em Teologia. Assumiu, a seguir, a cadeira de Lectura in Bíblia lecionando, à base das línguas originais, o hebraico do Antigo Testamento e o grego do Novo Testamento, incorporando conquistas do humanismo na ciência da interpretação de textos. Ainda em 1512, foi eleito subprior do convento de Wittenberg. Em maio de 1515, o cabido geral reunido em Gotha o designava vigário do distrito, que compreendia onze conventos sob sua orientação e autoridade.

Preleções


As suas preleções eram tão concorridas que a elas acorriam estudantes de todas as partes e países vizinhos. Os professores assistentes também aumentavam. O reitor da Universidade chegou a declarar, como que em antevisão: "Este frade derrotará todos os doutores; introduzirá uma nova doutrina e reformará toda a igreja; pois ele se funda sobre a palavra de Cristo, e ninguém no mundo pode combater nem destruir esta Palavra..." (Melchior, Adam. Vita Lutheri, p. 104). Ocupando o púlpito, a capela logo não mais podia comportar os assistentes. O senado o convidou então a ocupar a igreja paroquial da cidade.

Justificação pela fé

Nos seus conflitos espirituais, o texto bíblico que lhe trouxe a luz da verdade e a paz de consciência veio a ser a célebre passagem da Epístola aos Romanos (1.17), em que o apóstolo cita o profeta Habacuque: "0 justo viverá por fé" Viu que São Paulo fazia do sacrifício de Cristo o centro da verdade em religião. Seus pecados, angústias, sofrimentos haviam caído sobre os ombros de Cristo na cruz; Cristo fizera o que ao pecador teria sido impossível fazer com suas penitências e méritos pessoais.

As Teses


Em 1517, Lutero quis provocar um debate público sobre a venda de indulgências promovidas pelo Papa Leão X e o arcebispo Alberto de Mogúncia através da Ordem dos Dominicanos. Quando pregou à porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517, o pergaminho com as 95 teses em latim para serem debatidas entre os acadêmicos, conforme o costume da época, não desejava desencadear um movimento na história da igreja. Era o pároco que, com preocupado, via como as almas dos fiéis eram desnorteadas por um grande escândalo, descaradamente apregoado em nome da santa Igreja: a venda do perdão de Deus, como se fosse mercadoria, por meio de cartas de indulgência, cujo lucro se destinava ao término da basílica de São Pedro e à cruzada contra os turcos. Seu principal proclamador era o dominicano Tetzel. Eis algumas das teses apresentadas por Lutero: - Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos... etc., pretendia falar da vida interior do cristão que deveria ser um contínuo e ininterrupto arrependimento (Tese I) - Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório (Tese 27) - Todo o cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados e sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indigência (Tese 36) - Esperar ser salvo mediante breves de indulgência é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências e o próprio papa oferecessem sua alma como garantia (Tese 52) As proposições sobre as indulgências eram completadas por algumas outras, que continham o que viria a ser fundamental na doutrina luterana: - Aos olhos de Deus, não há na criatura senão concupiscências; - Ninguém se salva senão pela graça de Deus através da fé. O efeito dessas teses foi tão inesperado, que elas não ficaram entre os letrados; traduzidas ao alemão, em poucas semanas se espalharam por toda a Alemanha e outras partes da Europa, chegando ao conhecimento do povo em geral.

Reação de Roma

Em 1518, Roma tratou de liquidar o caso do monge de Wittenberg. Lutero foi chamado para responder processo em Roma, dentro de sessenta dias. Mas, por interferência de Frederico, o Sábio, Príncipe da Saxônia, o Papa consentiu que a questão fosse tratada em Augsburgo, pelo Cardeal Cajetano. Este exigia simplesmente que Lutero se retratasse, o que este, naturalmente, não fez. Tinha Lutero nessa época o apoio do capítulo da Ordem dos Agostinhos e do corpo docente da Universidade de Wittenberg. Cajetano declararia depois dos três encontros com Lutero: "Ele tem olhos que brilham, e raciocínio que esconcertam".
O Papa temia suscitar oposição cerrada entre os príncipes alemães. Valeu-se, para que isso não acontecesse, da diplomacia. Condecorou o protetor de Lutero, Frederico, o Sábio, com a "Ordem da Rosa Áurea da Virtude" para afastá-lo de Lutero, e enviou o conselheiro Karl von Miltitz. Este conseguiu, com brandura, queLutero escrevesse uma carta ao papa, declarando sua fiel submissão; mas reafirmou, também, sua doutrina da justificação pela fé somente, sem os méritos de obras. Expôs e defendeu sua posição num debate com o Dr. João Eck em Leipzig. O que precipitou o rumo das coisas foi sua declaração de que nem todas as doutrinas de João Hus (queimado como herege em Constança, em 1415) eram falsas, e que os concílios são passíveis de erros em suas decisões. Isto o colocou à margem da igreja papal, que se fundamentava sobre a infalibilidade do papa e dos concílios.

Primeiros Escritos

Em 1520 escreveu três livros fundamentais mostrando o antagonismo do sistema de salvação papal e o ensino bíblico: "À Sua Majestade Imperial e à Nobreza Cristã sobre a Renovação da Vida Cristã",- "Sobre a Escravidão Babilônica da Igreja" e "Da Liberdade Cristã" ' Alguns de seus pensamentos-chave aí registrados são estes: - "0 cristão é um livre senhor sobre todas as coisas e não submisso a ninguém - pela fé"; "o cristão é servidor de todas as coisas e submisso a todos - pelo amor". "Não fazem as boas obras um bom cristão, mas um bom cristão faz boas obras".

Excomunhão


A resposta do Papa foi a bula de excomunhão Exsurge Domine. Tinha ainda 60 dias para retratar-se do que havia escrito e ensinado. Em 03 de janeiro de 1521 esgotou-se o prazo dado na bula, sendo então proferido o anátema definitivo, pela bula Decet Romanum Pontificem.

Dieta de Worms


Em 1521 reunia-se a primeira Dieta ou Assembléia do império, presidida pelo jovem imperador Carlos V, eleito em 1520, em sucessão a Maximiliano, para dirigir o reino "em que o sol não se punha". Lutero, intimado, compareceu diante da assembléia em 17 e I S de abril de 15 2 1. Perguntado se renunciava ao que tinha escrito, respondeu: "Não posso, nem quero retratar-me, a menos que seja convencido do erro por meio da palavra bíblica ou por outros argumentos claros. Aqui estou; não posso de outra maneira! Que Deus me ajude. Amém".

Tradução do Novo Testamento


Proscrito pelo imperador, foi posto em segurança pelo duque Frederico, através de um seqüestro simulado de cavaleiros embuçados, durante sua viagem de retomo, e escondido no Castelo de Wartburgo, nas proximidades de Eisenach. Sua principal realização nesse período foi a tradução do Novo Testamento grego para um alemão fluente de grande aceitação popular. Os primeiros 5 mil exemplares esgotaram-se em 3 meses. Em cerca de dez anos houve 58 edições. Em 1522, com risco de vida, reassumiu as funções de professor em Wittenberg. Juntamente com Felipe Melanchthon (cognominado Praeceptor Germaniae - educador da Alemanha), seu grande amigo e colaborador, instruiu centenas de estudantes alemães, boêmios, poloneses, finlandeses, escandinavos.

Guerra dos Camponeses

Marcou o ano de 1525 a Guerra dos Camponeses - uma revolução armada em que os camponeses, sob federação, reivindicaram mais liberdade aos latifundiários. Em seus objetivos políticos sociais idealizaram Martinho Lutero como chefe. Confundiram reivindicações políticas com aspirações religiosas. Lutero, embora compreendendo suas necessidades, viu-se forçado a distanciar-se do movimento porque não era política a missão dele. A carnificina, com batalha final em Frankenhausen, trouxe prejuízos ao movimento da Reforma. Mas esta, a despeito de todos os abusos praticados em seu nome, se expandia. Lutero procurava consolidar as igrejas e escolas que haviam aderido à Reforma em território alemão e países vizinhos. Neste mesmo ano (I 525) casou-se com uma ex-freira, Catarina de Bora, de cujo casamento lhes nasceram 6 falhos.

Culto e Liturgia


De 1527 a 1529 esteve empenhado na organização da Igreja Evangélica. Compositor e poeta, compôs trinta e sete hinos. Cabe-lhe a celebridade de popularizar o Lied eclesiástico. Era também conhecido como o "Rouxinol de Wittenberg". Traduziu a ordem da missa para o alemão - Deutsche Messe 1526 - a partir do que os cultos passaram a ser celebra. dos na língua do povo, e não no latim que ninguém entendia.

Os dois Catecismos
Em 1529 redigiu dois manuais de instrução, até hoje em uso nas igrejas luteranas: "Catecismo Menor" e "Catecismo Maior" Os dois volumes apresentam, em seis partes, um sumário da doutrina cristã. O primeiro é escrito, especialmente, para as crianças; o segundo, para os pais. Justificando, o Reformador afirma: "A lamentável e mísera necessidade experimentada recentemente, quando também fui visitador, é que me obrigou e impulsionou a preparar este Catecismo ou doutrina cristã nesta forma breve, simples e singela. Meu Deus, quanta miséria não vi! O homem comum simplesmente não sabe nada da doutrina cristã, especialmente nas aldeias". Numa outra oportunidade afirma: "Eu também sou doutor e pregador, e, na verdade, tenho de continuar diariamente a ler e estudar, e ainda assim não me saio como quisera, e devo permanecer criança e aluno do Catecismo".

Somente a Escritura
No mesmo ano realizou-se, no mês de outubro, um encontro entre Ulrico Zwínglio e Lutero para um debate doutrinário, denominado Colóquio de Marburgo, urna controvérsia eucarística. O pregador Zwínglio, que vivia na Suíça, também reconhecera a apostasia da igreja romana, pregai)do a Palavra e testemunhando contra as indulgências. Diferia, no entanto, da doutrina de Lutero e a discrepância básica resumia-se na pergunta: Os artigos de fé devem basear-se exclusivamente na Palavra de Deus ou também na razão humana? Não chegaram a um acordo, visto que a resposta de Lutero não admitia dúvida: A Escritura, e nada além dela, é fonte de artigos de fé, como também, mais tarde, a Fórmula de Concórdia o expressa: "Cremos, ensinamos e confessamos que somente os escritos proféticos e apostólicos do Antigo e do Novo Testamento são a única regra e norma segundo a qual devem ser ajuizadas e julgadas igualmente todas as doutrinas e todos os mestres".

Confissão de Augsburgo

Auxiliou o duque João Frederico a delinear sua estratégia em relação à Dieta de Augsburgo (l53O), convocada Pelo imperador para superar o cisma- Acompanhou a redação, por Felipe Melanchthon, duma defesa oficial, que veio a chamar-se Confissão de Augsburgo.

O documento - a primeira e mais notável das confissões evangélicas - foi lido em público à assembléia imperial, em nome de príncipes e cidades partidárias da Reforma, a 25 de junho de 1530. Era Composto o documento de duas partes: uma, dogmática; outra, apologética. Argumentavam na Confissão que, quanto à doutrina, continuavam fiéis ao que a igreja vinha ensinando à base das Escrituras Sagradas, conforme os Credos Apostólico e Niceno; com respeito ao culto, mantinham os ritos antigos consentâneos ao evangelho, cancelando apenas aqueles costumes, ritos e cerimônias que obscureciam a glória de Jesus Cristo como o único Mediador entre Deus e Os homens. Reivindicaram, por conseguinte, o direito de conviver em Paz com o papa e os bispos no seio da igreja do império. O imperador, ouvida a Confissão, determinou que os teólogos de Roma elaborassem a Confutação Católica à confissão de Augsburgo. A 03 de agosto fez-se a leitura desta. Não terminava ainda a apresentação de confissões religiosas, e Lutero e Melanchthon responderam à Confutação com a Apologia da Confissão de Augsburgo, de alto valor teológico, mas da qual a Dieta não quis tomar conhecimento. A Dieta lhes concedeu o prazo até 15 de abril de 1531 para voltarem ao seio da igreja romana e exigiu rigoroso cumprimento do Édito de Worms. Embora desaconselhados por Lutero, constituiu-se em fevereiro de 1531 uma poderosa agremiação política dos príncipes luteranos, denominada "Lida de Esmalcalde". Porém, em vista do perigo dos turcos às portas do império, em Viena, o imperador dependia do auxilio militar dos príncipes evangélicos; por isso, pela Paz de Nüremberg, para a qual Lutero muito contribuiu, em 1532, permitiu aos adeptos da Confissão de Augsburgo a persistirem nas suas doutrinas e concedia-lhes ainda outros privilégios. Essa tolerância seria dada até a realização de um concílio da igreja.

Tradução do Antigo Testamento

Não houve, assim, apesar dos esforços, uma maneira de restabelecer a unidade na igreja e no império. Em 1534 Lutero terminava uma tarefa em que havia trabalhado mais de 10 anos: a tradução do Antigo Testamento para o alemão. No mesmo ano pode-se publicar, então, a Bíblia completa. Em 1536 Lutero redigiu, por solicitação do duque João da Saxônia, artigos para serem apresentados num "Concilio geral livre" convocado pelo Papa. Os Artigos de Esmalcalde, porém, não chegaram a ser apresentados. Os líderes evangélicos concluíram que o concilio não seria livre e se negaram a participar do Concílio de Trento (l545 - 1563), que desencadeou a contra-reforma, no pontificado de Paulo III.

Paz de Augsburgo


A Paz de Augsburgo, em 1555, atendeu, de certa forma, aos reclamos dos evangélicos. Substituiu a tolerância religiosa nestes termos: os príncipes e cidadãos do império respeitariam a filiaçao religiosa de cada um, e o povo teria a opção de adotar a confissão religiosa do respectivo domínio ou de emigrar a território que tivesse a confissão desejada.
Martinho Lutero faleceu aos 62 anos de idade, em 18 de fevereiro de 1546, em sua cidade natal, Eisleben, depois de solucionar um litígio entre os condes de Mansfeld. Com grande cortejo fúnebre e ao som de todos os sinos, Lutero foi sepultado sob as lajes da igreja do Castelo de Wittenberg, onde sempre pregava o evangelho.

Contra-Reforma

A Contra-reforma, liderada pela ordem dos jesuítas, reconquistou vários territórios que tinham aderido à Reforma. Não obstante, a doutrina, o culto e a piedade preconizados por Lutero se enraizaram na Alemanha, nos países bálticos, nos países escandinavos e na Finlândia. Através doutros reformadores, foram acolhidos na França, Inglaterra, Escócia e Países ' Baixos. Em todos estes países, a Reforma ocasionou extraordinário desenvolvimento cultural, notadamente na educação, ciência, economia e política. Pela emigração, os "Luteranos" se espalharam por todos os continentes. Contam, hoje, cerca de 70 milhões. Frade, sacerdote, professor, doutor em Teologia, pregador considerado o primeiro de seu tempo, escritor vigoroso e de grande riqueza lexicografia, fixador da língua alemã, poeta e músico, Lutero abalou o mundo de seus dias e sobre ele se tem pronunciado. ciado o juízo dos séculos.

Pronunciamentos sobre Lutero


O historiador Schaff diz que "este foi o maior homem que a Alemanha produziu e um dos maiores vultos da história". Goethe dá o seu testemunho nestes termos: 'Dificilmente compreendemos o que devemos a Lutero e à Reforma em geral. Ficamos livres dos grilhões da estreiteza espiritual (... ) compreendemos o cristianismo em sua pureza". .Heinrich -Heine, o poeta excelso, exclama: "Honra a Lutero, a quem devemos a reconquista dos nossos direitos mais sagrados, e de cujos benefícios vivemos hoje em dia. Através de Lutero adquirimos a liberdade religiosa. Criou a palavra para o pensamento. Criou a língua alemã, através da tradução da Bíblia": Dollinger, historiador católico liberal, diz: "Lutero deu aos alemães o que nenhum outro jamais dera a seu povo: a língua, a Bíblia, a hinologia..." É reconhecido c omo "pai da alfabetização". Dirigiu-se aos pais através de profusas publicações, encarecendo-lhe a escola e a educação dos filhos como necessidade inadiável, para a pátria e a igreja verem melhores dias. Um escritor moderno declarou: "A Lutero deve a Alemanha seu esplendido sistema educacional - em suas origens e concepções. Porque ele foi o primeiro a reclamar uma educação universal, uma educação do povo todo, sem consideração de classe". Deixou à posteridade, em sua fecundidade literária, dezenas de volumes contendo obras doutrinárias, apologéticas, exegéticas, homiléticas, pastorais e pedagógicas. Funck-Brentano, célebre historiador contemporâneo assim se expressa: "Qualquer que seja o julgamento formulado em torno da doutrina religiosa de Martinho Lutero, é preciso reconhecer nele uma das mais poderosas personalidades que o mundo conheceu. Sua energia, seu valor, sua poderosa ação - que decorriam em grande parte da intensidade de suas convicções - estão acima de todo elogio. Calculou-se que seriam precisos a um homem dez anos de vida para simples cópia das cartas, orações e inumeráveis escritos do reformador, e Lutero não só redigiu suas obras, mas pensou-as, deu-lhes estudo e reflexões, corrigiu-as, e isso entre ocupações múltiplas, quase sempre absorventes e das mais diversas, suas prédicas, sua atividade social e política, os cuidados e o tempo que consagrou aos antigos e à família" (Martim Lutero, pág. 22, Ed Veccki). Dezenas de testemunhos dessa natureza poder-se-ia acrescentar à sua pessoa. Os exemplos citados, porém, exemplificam o veredito sobre sua pesso e a obra deixada até os nossos dias atesta a sua grandiosidade.

fonte : geniosmundiais.blogspot.com.br