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segunda-feira, 30 de julho de 2012

COMETAS , UM ESPETÁCULO OU CATÁSTROFE ?

Impression Of 1843 Comet (D A Hardy)
Impressão de 1843 Cometa (D A Hardy)


Os cometas foram, quase de certeza, observados desde tempos imemoriais. Devido à ausência de documentos não é possível afirmar se as antigas civilizações deram aos cometas este ou aquele significado. Há referências muito antigas aos seus aparecimentos atribuídas a Chineses, Japoneses, Coreanos e Babilônios. Durante muitos anos os astrônomos sacerdotes chineses realizaram um grande número de observações. Uma das primeiras menções feitas a um cometa é de 1054 a.C. no livro do príncipe Huai Nan. Desde 240 a.C., só falharam o registro dos retornos do cometa que viria a receber o nome de Halley, no ano 164 a.C. Há centenas de registros de aparecimentos de cometas até 1600 d.C.. 



ilustração em um jornal norte americano em 1857 





Os Chineses catalogavam os cometas como “estrelas com caudas” e foram os primeiros a verificar que essas caudas tinham a direção anti-solar. Os Caldeus, por seu lado, consideravam-nos como “aparecimentos” de planetas atribuindo-lhes, como os Chineses, uma origem celeste e também mística. Curiosamente, a astronomia chinesa não parece ter progredido muito para além desse estado empírico. Como outros povos da época, eles limitaram-se a observar, inovaram ao registrar, mas deixaram em aberto as questões do como e do porquê.


Representação chinesa da classificação de cometas (168 a.C.).




Quando morrem os príncipes





A observação de cometas é tão antiga quanto o registro dos eclipses e funde-se com a própria história da humanidade. Na Antiguidade, era comum associá-los a maus presságios.




 
Detalhe da Tapeçaria de Bayeux, do século XIV, registrando o aparecimento do Cometa de Halley, em abril de 1066. A inscrição latina à esquerda do cometa estilizado diz: "Estes homens maravilharam-se com a estrela". Um cortesão se apressou em registrar o evento para Harold da Inglaterra, cuja derrota por William, o Conquistador foi, de acordo com a crença popular, predita pelo cometa (veja os navios invasores na parte inferior). A tapeçaria foi dirigida e orientada pela Rainha Matilde, esposa de William.




Durante a Idade Média avançou-se mais na arte e na teologia do que no conhecimento científico. A Tapeçaria de Bayeux conta a história de como Guilherme da Normandia derrota o Rei Haroldo II, Saxão, Rei da Inglaterra em 1066, naquela que ficou conhecida como a Batalha de Hastings. Uma parte da tapeçaria mostra um cometa (o Halley) e à sua direita aparece o Rei Haroldo II junto ao trono. Há também pessoas a apontar para o céu retirando-se para dentro das muralhas da cidade, amedrontadas pelo desastre que o cometa anuncia. Por cima, uma inscrição que diz «Isti mirant stella» (aqueles olham a estrela). Pouco depois do aparecimento do cometa a 24 de Abril de 1066, Haroldo foi morto na batalha com uma seta que lhe entrou pelo olho e Guilherme tornou-se Rei. Estabeleceu-se, naquele tempo, que o cometa estava do lado dos Normandos e de Guilherme. O episódio foi tão importante que ainda hoje os Reis de Inglaterra trazem o simbolo de um cometa nas suas coroas. 


A ideia da astrologia associando o aparecimento de cometas ao prenúncio da morte de monarcas perdurou durante muito tempo. Não resisto referir um episódio em que o Rei português Afonso VI, ao avistar um cometa em 1664, veio ao terraço e ameaçou-o com uma pistola...



 
Inspirado, talvez, pelo aparecimento do Halley em 1301, Giotto di Bondone (1266-1337) substitui no seu Fresco de 1304, Adoração de Maria, a Estrela de Belém por um cometa. Cortesia do Observatório de Sormano, Itália





Com o Renascimento e a melhoria das observações dos movimentos dos planetas, os dogmas aristotélicos começam a caír como castelos de cartas. Entre outros, os Italianos Toscanelli (1397-1482) e Frascator (1483-1553) e os astrónomos alemães Johannes Müller, mais conhecido como Regiomontano, (1436-1476) e Bienewitz (1495-1552), mais conhecido por Apian, começam a observar o céu com uma certa atenção científica, realizando medidas sistemáticas do movimento dos cometas. Frescator sugere que as caudas dos cometas apontam sempre na direcção oposta à do Sol e redescobre na Europa, de forma independente, um facto que já era conhecido há centenas de anos pelos astrónomos chineses. Apian confirmou estas observações. 


A ideia da origem atmosférica dos cometas começa a declinar com a teoria heliocêntrica de Nicolau de Cusa (1400-1464) e de Copérnico (1473-1543) mas foi o astrónomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) quem, finalmente, eliminou as possíveis dúvidas sobre a origem celeste dos cometas. Brahe, a partir de observações de um cometa brilhante que apareceu em 1577 e que foram realizadas a partir de dois observatórios diferentes, separados por 600 Km, mediu para a paralaxe horizontal, um valor a rondar os 15 minutos de arco. Concluiu que o cometa deveria estar a uma distância quatro vezes superior à da Lua. Os cometas já não podiam mais ser associados à região sublunar. Apesar da descoberta, Brahe pensava que os cometas eram “exalações” dos planetas, sendo essa ideia ainda uma extensão das ideias aristotélicas. Galileu (1564-1642) mantém-se conservador ao negar a importância das observações de Brahe, afirmando que os cometas são “ilusões” ou reflexos atmosféricos seguindo, de resto, a visão de Hipócrates. 




 
Capa do livro “Cometografia” de Hevelius. Estão exibidas as três hipóteses aceites na época àcerca do movimento dos cometas. À esquerda aparece a ideia aristotélica de que os cometas são fenómenos atmosféricos. O astrónomo da direita defende a hipótese das trajectórias rectílineas de Kepler. O astrónomo do centro mostra que os cometas se movem em trajectórias parabólicas.




O astrónomo alemão Johannes Kepler (1571-1630) defende em 1596, na sua primeira obra, "Mysterium Cosmographicum", o sistema heliocêntrico de Copérnico. Durante 17 anos, analisou os dados deixados por Brahe descobrindo as três leis do movimento planetário, em que um dos resultados importantes é a atribuição de órbitas quase circulares, porém elípticas, aos planetas em torno do Sol. Kepler também defende a natureza celeste dos cometas e em 1618, ao tentar explicar as observações de cometas que foram visíveis nesse ano, concluiu que as caudas deviam produzir-se graças a algum tipo de “força” devida à radiação solar. De forma algo surpreendente, Kepler pensa que os cometas não se movem como os planetas e que se deslocam, no céu, em trajectórias rectilíneas. 



Da Antiguidade a Newton


“(...) Um dia virá em que pesquisas diligentes durante longos períodos, trarão à luz factos agora ocultos... Um dia existirá alguém que revelará em que regiões têm os cometas as suas órbitas, porque se movem tão longe dos outros corpos celestes, quais as suas dimensões e de que espécie são.(...)”

Séneca



Essa hipótese de Kepler contrastava com as observações do astrónomo Italiano Borelli (1608-1679) e com as do polaco Hevelius (1611-1687) que sugere uma órbita parabólica em torno do Sol, para um cometa que apareceu em 1665. O pastor e decano alemão Dörffel (1643-1688) e, de forma independente, aquele que foi o primeiro astrónomo real inglês, John Flamsteed (1646-1719) mostram que a hipótese de uma órbita parabólica é consistente com as observações de um cometa muito brilhante que apareceu em 1680 e 1681. Foi observado antes e depois da passagem no periélio, primeiro aproximando-se do Sol e de seguida afastando-se dele. Nessa data, Newton (1642-1727) já tinha formulado mas não publicado a teoria da gravitação. A partir dela demonstram-se as leis de Kepler e descreve-se o movimento de dois corpos sujeitos à interacção gravítica. Em 1687, Newton apresenta nos Principia a lei da Gravitação Universal aplicada ao cometa de 1680 e mostra que a sua órbita é elíptica, apesar de ser quase parabólica. Calcula o valor de 0,0016 U.A. para a distância do cometa ao Sol no periélio. Ainda assim, Newton, mais motivado pelos problemas pessoais que tinha com Flamsteed e Dörffel e não por razões científicas, objectou contra a hipótese das órbitas parabólicas mostrando-se, nessa altura, mais favorável à hipótese das trajectórias rectilíneas dos cometas, sugerida por Kepler. 


Estavam dissipadas as dúvidas quanto à origem celeste dos cometas, no entanto, no que diz respeito à sua natureza, a maioria dos cientistas continuavam a pensar que os cometas tinham uma existência efémera. Isto porque, ou eram uma nebulosa ou eram uma exalação difusa formada por um concentrado de vapores que acabavam por se dispersar.



O cometa West, de 1976, exibe suas caudas. A de cor azul é a cauda de plasma, retilínea e composta por gás ionizado, e a branca é a cauda de poeira, que se desfaz em trilhões de partículas microscópicas.





Cometa West, fotografado da Terra, em fevereiro de 1976, por Martin Grossman, da Gromau, Alemanha Ocidental. A grandecauda é impelida do núcleo gelado do cometa por um vento formado de prótons e elétrons, proveniente do Sol, que se pôsabaixo do horizonte.


Representação turca do Grande Cometade 1577. A excitação que acompanhava a chegada de um cometa induziu, de modo direto, à fundação do Observatório de Istambul.Cortesia da University of Istambul Library. 



Folha impressa, em Praga, por Peter Codicillus, mostrando o Grande Cometa de 1577 acima da Lua e de Saturno, enquanto um artista o desenha ajudado pela luz de uma lanterna. A certeza de Tycho Brahe de que este cometa estava mais distante do que a Lua levou-o a retirar os cometas do domínio do fenômeno terrestre e a colocá-los corretamente como corpos celestiais.Da coleção Wikiana, Zentralbibliothek, Zurique. Foto de Owen Ginge-rich.



Representação asteca da observação de um cometa brilhante pelo Imperador Montezuma, que aceitava a superstição popular que um cometa pressagiava catástrofes, provocando uma depressão sombria e, deste modo, inconscientemente, incentivando a Conquista Espanhola. É um excelente exemplo de profe-
cia realizada. Da História de las Indias de Nueva España, de Diogo Duran.


Representação altamente estilizada do Cometa de 1556, sobre uma cidade alemã, provavelmente Nuremberg. Coleção Wikiana. Foto de Owen Gingerich.




Cometa Ikeya-Seki, descoberto em 1965 por dois dedicados astrônomos amadores japoneses. A cauda tem, aproximadamente, cinqüenta milhões de quilômetros de comprimento. Fotografado no
Observatório Nacional de Kitt Peak, por Michael Belton.




Cometa Humason, fotografado com um telescópio Schmidt, de 48 polegadas, dos Observatórios Hale, em 1961, e que recebeu o nome do seu descobridor, Milton Humason . Pelo tempo de exposição as riscas são estrelas distantes.



Adoração dos Reis Magos, de Giotto, c. 1304, representando a
Estrela de Belém (presumivelmente) como um cometa não
miraculoso. A aparição do Cometa de Halley em 1301 serviu,
muito apropriadamente, como modelo para Giotto. Cortesia de
SCALA/Editorial Photocolor Archives.


Old Woodcut Of Comet
Xilogravura do Velho Cometa 




ilustração do Grande Cometa de 1843


Colour Painting Of Old Comet
Pintura Colorida do Velho Cometa




Comet As Seen From The Cape
Cometa Como visto do Cabo


   
Grande Cometa de 1843 



Daylight Comet Of 1910; Drawing By H P Wilkins
Comet Daylight de 1910; Desenho de H P Wilkins






Comet Morehouse, 1908
Comet Morehouse, 1908


Comet Morehouse, 1908
Cometa Morehouse, 1908 





 Lovejoy 






Cometa McNaught 














Hale-Bopp




Cometa Halley







Conclusão :

Está obvio que os cometas sempre fizeram parte da evolução do nosso planeta, tanto depositando possíveis micro-organismos e água, como também abrindo  enormes crateras , e a consequência   desses  impactos é a extinção de velhas espécies  dando origem  a  novas e futuras formas de vida na Terra . Sendo assim, há uma perspectiva  assombrosa sobre esse fato : pois os cometas, tanto pode nos trazer a vida como a morte!



fontes de pesquisa:
portaldoastronomo.org entre outros site pela internet

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