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quinta-feira, 24 de julho de 2014

CIDADES MAIS FRIAS DE PERNAMBUCO


 Relógio das flores sob neblina - Garanhuns|PE

Recife, meio-dia. O termômetro oscila entre 28°C e 30°C. Sol quente, tempo abafado. No céu, poucos pontos esbranquiçados. O mundo é azul, já diria o russo Iuri Gagarin, no longínquo 12 de abril de 1961. Um sonho de verão, não é? Nada disso. Estamos em pleno inverno. Benvindo ao litoral nordestino!

Aqui, é sol o ano todo, com raras exceções. Vez por outra chove um pouco, um dia ou dois seguidos, talvez. Depois o calorzão reaparece. E assim passam-se os dias, semanas e meses de inverno. Quando menos se espera, a página do calendário das estações já virou e lá se vai mais uma vez a esperança de sentir um ventinho frio sobre a pele.

Mas nem tudo é sol a pino no Nordeste, para a alegria dos admiradores de temperaturas mais amenas, como eu. Muitos zombam, mas existe sim festivais de inverno por aqui. E o nome não é só enfeite.

Um dos mais famosos é o de Garanhuns. O município fica no agreste pernambucano. Cerca de 230 quilômetros separam o Recife dessa bela e florida cidade onde as temperaturas despencam para os inimagináveis – para os padrões nordestinos, é claro – 10°C. Quem vive na zona rural garante que chega a menos. Lá, as mãos ficam geladas, a calça jeans nem sempre é suficiente para aquecer as pernas e – o melhor – dá para brincar com a fumacinha que sai da boca!

Triunfo: é aqui onde está o ponto mais alto de PE

Mas o título de cidade mais fria de Pernambuco pertence, por mais irônico que isso posa parecer, a um município que fica no sertão do Estado.  A 440 quilômetros do Recife, Triunfo registra as menores temperaturas do inverno pernambucano. Com frequência, os termômetros ficam abaixo dos 10°C.

Quando ainda estamos na estrada que leva até lá, já é possível notar a mudança de “clima”. Um pequeno município chamado Santa Cruz da Baixa Verde marca a transição entre a quente e seca Serra Talhada e a fria e florida Triunfo.

A cidade está na parte mais alta do Estado, a cerca de 1000 metros de altitude. É lá onde fica o ponto mais elevado de Pernambuco: o Pico do Papagaio, a cerca de 1.200 metros acima do nível do mar.  Do alto, uma vista inspiradora e um friozinho bem sertanejo. Isso é que é inverno ‘arretado’!

quarta-feira, 23 de julho de 2014

MORRE, AOS 87 ANOS, O ESCRITOR E DRAMATURGO ARIANO SUASSUNA

imagem google

 Morreu nesta quarta-feira (23), aos 87 anos, o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna. Ele deu entrada no Real Hospital Português na noite de segunda-feira (21), quando recebeu diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico e foi submetido a uma cirurgia. Estava internado em coma, e respirava com a ajuda de aparelhos. De acordo com o boletim médico, Suassuna morreu às 17h15, depois de uma parada cardíaca. Sua obra mais conhecida, O Auto da Compadecida, falava poeticamente a definição da morte: "Cumpriu sua sentença e encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca de nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo morre".

Em 2013, Suassuna havia sofrido um infarto agudo do miocárdio, no dia 21 de agosto. Foi internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Português, no Recife, e recebeu alta no dia 27, mas dois dias depois teve um mal estar e voltou à unidade médica, onde ficou internado por mais uma semana. O tratamento do escritor continuou em casa, nos 30 dias que se seguiram.

Vida e obra
 
Ariano Suassuna ocupava a cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras desde 3 de agosto de 1989 e exercia o cargo de secretário da Assessoria Especial do Governo de Pernambuco. Nascido na cidade de Paraína, atual João Pessoa (PB), ele passou os primeiros anos de sua vida no sertão nordestino, na Fazenda Acauhan, e se mudou com a Família para Taperoá em 1933, após perder o pai, João Suassuna, morto por motivos políticos.
Foi nesta cidade que Suassuna começou a estudar e assistiu pela primeira vez a uma peça de mamulengos e um desafio de viola. A improvisação daquelas apresentações se tornaria, mais tarde, uma das marcas registradas em suas obras teatrais.
Na década de 1940, Ariano Suassuna passou a viver no Recife, cursou Direito e conheceu Hermílio Borba Filho, com quem fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco. Sua primeira peça foi Uma Mulher Vestida de Sol, de 1947. Se formou em 1950 e chegou a exercer a advocacia, mas nunca deixou de escrever teatro. Em 1955 fez o Auto da Compadecida, que o projetou para todo o país e ganhou versões para a televisão e o cinema.

 
Em 1956, Suassuna passou a ser professor de Estética da Universidade Federal de Pernambuco - atividade que exerceu até 1994, quando se aposentou. Três anos depois, fundou, também ao lado de Hermílio Borba Filho, o Teatro Popular do Nordeste.
Uma de suas maiores contribuições para a cultura brasileira foi a idealização do Movimento Armorial, que visa e desenvolver o conhecimento das formas de expressão populares tradicionais e, a partir delas, criar uma arte erudita. A Literatura de Cordel é tida como a bandeira do movimento. Para o dramaturgo, os versos tradicionais nordestinos eram a manifestação artística mais completa da cultura popular brasileira. "No folheto (de cordel) se condensam três artes: a literatura, através da poesia narrativa que tem lá, uma arte plástica, porque a gravura da capa pode apontar um caminho pras artes plásticas do Brasil, e a música porque aquilo é cantado, e acompanhado normalmente por viola e rabeca", afirmava.

Além da obra teatral, Ariano Suassuna dedicou uma parte de sua vida à poesia e à prosa de ficção. Publicou o Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971) e História d’O Rei Degolado nas Caatingas do Sertão / Ao Sol da Onça Caetana (1976), classificados por ele de “romance armorial-popular brasileiro”. Foi também secretário de Cultura do Estado de Pernambuco entre 1994 e 1998.

fonte : ebc.com.br